sábado, 25 de junho de 2011

ODELÍ

Tenho treze anos.
Moro ao lado do Banco do Brasil.
A agência está sendo reformada e ampliada,
ao lado da obra os pedreiros erguem barracões e ali moram com suas famílias.
O terreno é uma pirambeira, fica um tobogã de argila lisa, uma melequeira na chuva.
O sol secou o chão, num sábado dobrei uma caixa de papelão e desci de tobogã, quase caindo no poço onde misturam a cal lá embaixo. Ali encontrei um amigo, o Vanderlei, que fez a casa de árvore mais camicase que já fui: Numa árvore seca de uns nove a dez metros ele fez uma plataforma de tábuas, só isso, com o acesso por uma escada feita com pneus de bicicleta enlaçados.
O Vandiolei, como a caçula chamava ele, tinha uma irmã bonitinha, chamada Roseli (Odelí, pela voz rouca e cheia de risadas da pequena). Roseli era uma morena muito bonita, um rostinho de boneca, mas tinha apenas três dedos numa das mãos, resultado de uma explosão de fogos. Aquilo a marcou, ela se escondia e passava os dias dentro do barracão deles, lendo. Um dia eu olhei da janela, quadrinhos de Tarzan, do Burroughs, Flash Gordon, de Alex Raymond, Seleções do Reader´s Digest, A ilha do Tesouro, do Stevenson.

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