quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

G

Genildo tem uma chácara perto da minha. Uns 3 hectares, com dois grandes açudes, que ele mandou fazer. Ele é nascido, criado e ainda mora na capital, está a 150 quilômetros de distância e a dois anos de se aposentar, quando virá morar no lugar. Ele gosta de natureza, faz as mudas das árvores que planta na sua chácara a partir de sementes que colhe perto das árvores da sua cidade, entre outras. No entanto, ele é um guerreiro solitário. Todas as pessoas que convivem ao seu redor são contra a chácara. O filho reclama que o pai gasta dinheiro na chácara, embora ele ganhe dos pais tudo o que quiser. Esqueci de dizer: Eles não são, como se diz, "bem de vida". Marido e mulher são professores, o casal de filhos, de 21 e 23 anos, estuda e faz estágio. Então, mar de rosas não é. Tudo, até a chácara, é pago com muito suor. Mas ninguém tem uma palavra legal para o Genildo. A mulher critica-o porque ele planta as árvores muito próximas umas das outras, que não vão crescer nunca, todo mundo é especialista em tudo hoje em dia, que coisa linda. A filha não aceita entrar na área de terras porque tem muita macega, é normal, ele só pode visitar a sua chacrinha nas férias. Como a guria tem medo de tudo que é bicho que se possa imaginar que haja numa macega, vejam bem, eu disse imaginar, ela nem passa perto do lugar. E ninguém tem uma palavra de incentivo pro senhor Gê. Os parentes fuxicam sobre o absurdo que é ele comprar ração para os peixes de seu açude, essas coisas que falam as pessoas que não tem açude, sabe?
Pois uns anos atrás, eu resolvi ser essa pessoa, ir até o lugar, perguntar o que ele estava fazendo, e acabei me interessando e elogiando sinceramente o amigo. Ele podia estar fazendo algumas coisas que poderiam ser melhoradas, mas porra, tem que se considerar que o lance é dele. A grana é dele, o esforço é dele. Só entreguei as palavras que iam ajudar. Nada de dizer pra ele como fazer isso ou assado. Eu que vá fazer na minha chácara, então. Cada ano que ele vinha para cá, eu passava muito tempo com ele, e isso fez efeito nele, ele reagiu bem, a chácara estava linda.
Neste ano, eu não pude estar lá perto dele, por vários motivos. Só os "mosquitos" que sempre estão reclamando as mesmas coisas a respeito dele, na chácara dele, com o dinheiro e o tempo dele, ficaram fazendo o coral neste verão. Haja repelente!
Resultado: O cara não se animou a cortar a macega, a chácara tá coberta de inço, nem ele vai mais lá, fica numa casa na propriedade do seu sogro, do outro lado da rua, e é isso.

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