quinta-feira, 30 de julho de 2009

TCHIBUMBA!


Eu aprendi a nadar na marra. A Sociedade Olímpica de Venâncio Aires - SOVA tinha três piscinas: A Pequena, um feijão cavado no chão com seus humilhantes 20 centímetros de profundidade e dois degraus afiados como navalhas onde os pais se sentavam segurando seus pequenos. No lado, a Piscina Média, um retângulo de dez por vinte metros, começando em
quatro seguros palmos e chegando ao ousado metro e meio de água, clorada e limpa impecavelmente pelo seu Garin, um moreno magriço que tinha a mania de beliscar os guris descuidados com os dedos do pé.
Mas isto era nada. Só eram os preliminares da grande conquista para cada banhista que lá chegava. Abaixo do sol, no cento de tudo estava a Grande. Começando na medida do fundo da Média, descendo até o abismo de quatro metros e meio, feito para absorver os saltos dos mergulhadores do trampolim de três metros no seu extremo. As meninas esticavam os seus maiôs e biquinis na sua borda, o Olimpo era fácil de achar. Lá fui eu. Me joguei no fundo, saí me batendo, semimorri afogado, me bati o que pude, tomei uns goles de agadoizó, mirei meus movimentos desesperados na direção da escadinha e pronto, eu não morri
e não mais ia. Já tinha domesticado o bicho. Voltei ao mesmo ponto, dei um peixinho, mergulhei, virei, piquei, empurrei com as pernas e escadinha de novo, eu tinha um novo quintal, eu marquei meu lugar na terra molhada e azulada dos bravos. Mais tarde, ganhei o Manual do Escoteiro Mirim, do tio Disney, e lá aprendi a nadar direito. Hoje, tem que ser atleta para nadar mais rápido que eu.

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